Guedes confirma corte de imposto de empresa para 15% Valor Econômico
Por Assis Moreira O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o governo pretende reduzir de 34% para perto de 15% do imposto sobre companhias e repetiu o plano mais de uma vez no Fórum Econômico Mundial. Promete compensar a medida com a taxação de dividendos e juros sobre capital próprio, como o Valor publicou. Atualmente as empresas são tributadas em 25% de Imposto de Renda (IR) e 9% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). "Quem vai investir no Brasil quando o imposto sobre as empresas é de 34% enquanto nos EUA são 20%?", argumentou Guedes no evento O Futuro do Brasil, a portas fechadas, no Fórum. Um dos presentes era Jamie Dimon, presidente do JPMorgan Chase, maior banco dos EUA em ativos. "Good luck [boa sorte]. Eles têm o caminho correto", disse Dimon ao Valor. Informalmente, algumas personalidades estrangeiras interpretam o plano mais como uma intenção e preferem ver como ele será implementado. "É corte de imposto, privatização, reforma da Previdência...", comentou um banqueiro. Guedes confirmou que seu plano é reduzir o imposto sobre as empresas e, portanto, baixar a carga tributária sobre o setor produtivo. Para compensar, deverá taxar dividendos e juros sobre capital próprio. Questionado pelo Valor se nesse caso a taxa poderia ser de 15%, o ministro respondeu: "Por aí", sem mencionar cifra. O ministro teve agenda carregada em Davos. Ao presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luiz Alberto Moreno, pediu que a instituição acelere os financiamentos a projetos de privatização e Parcerias Público-Privadas (PPPs) no Brasil, mais do que para o setor público. O BID aprovou financiamento total de US$ 2 bilhões no ano passado para o Brasil, boa parte para o setor público. Neste ano, somente para o setor publico a expectativa é fornecer US$ 1,5 bilhão. Moreno vai usar o braço privado do BID, o BID Invest, para atender Guedes. Ele vai em fevereiro ao Brasil para aprofundar as discussões. Declarou-se "entusiasmado" com as perspectivas que se abrem no país com os projetos de reforma. "A reforma da Previdência é o teste central", disse. "Se for aprovada, o Brasil vai certamente atrair muito mais investimentos." A Ángel Gurría, secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Guedes deu a posição oficial do novo governo, de que quer acelerar o processo de negociação para aderir à entidade. Só que falta combinar com os EUA, que até o ano passado defendiam a entrada da Argentina. Representantes do Brasil e da União Europeia (UE) se reuniram à margem do Fórum. O vice-presidente da Comissão Europeia Jyrki Katainen acha agora que "nunca estivemos tão perto de concluir o acordo", desde que "a vontade política" supere dificuldades na área agrícola e haja liberalização do setor automotivo, regras de origem e outros. O Brasil confirmou à UE que continuará negociando como bloco no Mercosul e não buscará negociação separada. Mais tarde, em entrevista à TV Bloomberg, Guedes disse que a prioridade número um do governo é a reforma da Previdência e que privatizações podem gerar US$ 20 bilhões neste ano. "Estamos indo na direção de uma economia pró-mercado, aberta e com privatizações", disse. Segundo ele, o país está 40 anos atrasado na agenda de liberalização econômica e hoje é "prisioneiro de uma armadilha de baixo crescimento".
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